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Entre a Rebelião de Robert, a Guerra dos Cinco Reis e a Guerra das Rosas: da monarquia descentralizada e a crise dinástica à instauração de uma nova ordem política

”A anarquia, o horror, o medo, o saque desenfreado virão morar aqui, passando o nosso país a ser chamado o novo campo de Gólgota e depósito de crânios. Se levantardes casa contra casa, nascerá a divisão mais desastrosa que jamais viu este país maldito. Evitai estes males, retirando o vosso apoio; se não, os vossos filhos e os filhos destes, mesmo com voz lassa, vos gritarão aos túmulos: Desgraça!” – A Tragédia do Rei Ricardo II, Ato IV, Cena I, William Shakespeare.

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  • Introdução

Ricardo II foi o último rei da Inglaterra da linha principal da Dinastia Plantageneta, iniciada em 1154 por Henrique II – após uma guerra civil de 19 anos conhecida como ”A Anarquia” -, seu brasão de armas pessoal exibindo um veado coroado – conhecido como The White Hart – provavelmente foi a inspiração para os estandartes das Casas Durrandon e Baratheon. Ele foi deposto do poder em 1399, após 22 anos de um reinado impopular e hostilizado pela nobreza, pelo seu primo, Henrique Bolingbroke, o primeiro rei da Casa de Lancaster – Henrique IV – e morreu cativo em Pontefract Castle no ano seguinte, vítima de fome ou de um assassinato.

Richard II

Tanto o destronamento de Ricardo II na Inglaterra do fim do séc. XV, quanto o de Aerys II, o Rei Louco, nos Sete Reinos de Westeros em fins do terceiro século depois da Conquista, lançaram as bases, a longo prazo, das posteriores grandes guerras civis que abalariam seus reinos, pois as deposições desses reis acabaram com o equilíbrio de poder e romperam com as principais linhas das dinastias reinantes, porém tanto Henrique IV quanto Robert Baratheon, tinham, legalmente, direito ao trono: ambos eram primos dos reis que depuseram, Robert era Targaryen pelo lado paterno, assim como Henrique IV era Plantagenta também pelo lado paterno, sendo assim, ao mesmo tempo em que há uma certa continuidade dinástica em seus reinados, suas revoltas bem sucedidas abriram caminho para as lutas pelo trono que adviriam no futuro.

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Porém, mais do que meras disputas dinásticas por tronos, todas as guerras civis que aqui serão abordadas tem por causa fundamental a falência do sistema político feudal tanto da Inglaterra do século XV quanto dos Sete Reinos de Westeros, monarquias fracas, descentralizadas e excessivamente dependentes dos autônomos vassalos, da nobreza, que mantém exércitos próprios ao passo que as monarquias não dispõem de forças militares independentes e permanentes e são completas reféns de seus vassalos.

 Abaixo tentarei fazer um resumo da história da Guerra das Rosas e a seguir tratarei de algumas das inúmeras referências a esse conflito ao longo dos livros de ASOIAF, das possíveis inspirações e analogias às aparentes inversões que o  autor da saga, George R.R. Martin, promove na história e na trama de seu fantástico universo.
        
  •  A Origem das Casas de Lancaster, de York e de Beaufort

Para entendermos melhor as causas da Guerra das Rosas temos que analisar a genealogia da dinastia Plantageneta. Eduardo III (1327-1327), o sétimo rei da dinastia, teve vários filhos com sua esposa Filipa de Hainault, e quatro deles são importantes: Eduardo, o Príncipe Negro, seu herdeiro e pai de Ricardo II, Lionel de Antuérpia, 1.° duque de Clarence, John de Gant, 1.° duque de Lancaster, pai de Henrique IV, e Edmund de Langley, 1.° duque de York.

Para eles, Eduardo III arranjou casamentos estratégicos com herdeiras inglesas e criou os primeiros ducados ingleses: Cornwall, Clarence, Lancaster, York e Gloucester. Seriam os descendentes destes duques que desafiariam uns aos outros na subsequente disputa pelo trono. John de Gant seria o fundador da Casa de Lancaster devido a seu casamento com Blanche de Lancaster, e seu filho com sua amante  Katherine Swynford, John Beaufort, o fundador da Casa de Beaufort. Edmund de Langley seria o fundador da Casa de York, e seu filho Ricardo de Conisburgh se casaria com Anne Mortimer, a filha mais velha de Roger Mortimer, conde de March, neto de Lionel de Antuérpia e herdeiro presuntivo de Ricardo II. Conisburgh seria executado por traição em 1415, devido a seu envolvimento no Southampton Plot, e seu filho Ricardo de York, se tornaria seu herdeiro.
  • Breve resumo                

“E aqui eu profetizo: que a querela de hoje, que esta facção estendeu até o jardim do Templo, enviará tanto da Rosa Vermelha quanto da Rosa Branca, milhares de almas à morte e a noite eterna. ” – Henrique VI, Parte 2, Shakespeare.

Battle of Barnet

O conflito surgiu da oposição de grande parte da nobreza, liderada por Ricardo, duque de York – também chamado de Ricardo Plantageneta –  ao conturbado e desastrado reinado de Henrique VI, neto de Henrique IV, um rei inepto, fraco, manipulável  e mentalmente instável que alternava períodos de extrema benevolência e insanidade, que na verdade era uma marionete de sua rainha consorte francesa, a ambiciosa e agressiva Margarida de Anjou, e de seus ministros da Casa de Beaufort.  A autoridade de Henrique era contestada por Ricardo de York, que era filho de Ricardo, conde de Cambridge e Anne Mortimer, o que o tornava descendente de Eduardo III tanto pelo lado paterno quanto pelo materno: sua mãe era bisneta de Lionel de Antuérpia e seu pai era neto de Edmund de Langley, o dava a ele e a sua família uma pretensão ao trono superior ao da Casa de Lancaster.

Essa oposição foi intensificada com a derrota inglesa para os franceses na Guerra dos Cem Anos  (1337-1453), que fez  o rei sofrer um colapso mental catastrófico e tornar-se completamente inconsciente de tudo o que estava acontecendo ao seu redor – uma doença que ele provavelmente herdou de seu avô materno, Carlos VI da França. York, como  um líder respeitado e um político habilidoso, foi chamado para servir no Conselho de Regência e nomeado regente como Lorde Protetor do Reino em 27 de março de 1454, excluindo a rainha e os Beaufort do poder.

Margaret of Anjou

Nesse período, York ganhou aliados muito importantes: Richard Neville, conde de Warwick – que seria futuramente conhecido como ”the Kingmaker”, o ”Fazedor de Reis” – seu sobrinho por afinidade, o magnata mais poderoso e influente e o nobre mais rico da Inglaterra, e o pai de Warwick e seu cunhado, Ricardo Neville, conde de Salisbury. York tentou conter a violência causada por várias disputas entre famílias nobres, sendo a principal delas a longa disputa e rivalidade Percy-Neville, famílias que no futuro conflito apoiariam lados opostos da guerra.
”Se a insanidade de Henrique foi uma tragédia, sua recuperação foi um desastre nacional” – R. L. Storey em The End of the House of Lancaster. 
O rei recuperou a razão em janeiro de 1455 e precisou de pouco tempo para reverter as ações de York:  os Beaufort  foram restaurados em seu favor, York foi demitido do cargo de Protetor e afastado da corte, enquanto a rainha Margarida  emergia como a líder de facto dos Lancastrians. Ricardo, cada vez mais desiludido e frustrado – temia ser preso por traição – por fim, recorreu as hostilidades armadas em março de 1455.
A Primeira Batalha de St.Albans resultou na incontestável vitória de York e na captura do rei louco, que durante uma crise de demência nem mesmo tentou fugir. Ricardo depôs Margarida do poder, a isolando com o marido, e foi novamente nomeado Protetor do Reino.  Por algum tempo houve paz, mas esta paz foi apenas temporária, os problemas que causaram o conflito logo ressurgiram, especialmente a problemática questão de que se Ricardo ou o ainda pequeno filho de Henrique e Margarida, Eduardo de Westminster,  iria suceder ao trono.

Os Lancastrians, comandados por Margarida de Anjou, recomeçaram o conflito com mais violência em 1459. York, sua família e partidários foram forçados a fugir do país, porém o maior aliado de Ricardo, o proeminente e poderoso Warwick, invadiu a Inglaterra a partir de Calais e Henrique foi recapturado na Batalha de Northampton . York retornou ao país em 1460 e pela terceira vez se tornou Protetor, mas foi dissuadido de reivindicar o trono com a decretação do Act of Accord pelo Parlamento, que mantinha Henrique VI no trono enquanto este vivesse, mas fazia com que os filhos de Ricardo – Eduardo, Edmund, George e Ricardo – o herdassem.

Margarida e os nobres Lancastrians ​​reuniram suas forças no norte da Inglaterra, e quando York  marchou para o norte para suprimi-los, ele, seu segundo filho Edmund e Salisbury, o pai de Warwick, foram mortos na Batalha de Wakefield em dezembro de 1460, e a cabeça de York foi exibida nas muralhas de sua cidade natal e homônima com uma coroa de papel.

O exército Lancastrian avançou para o sul e recuperou o rei Henrique na Segunda Batalha de St. Albans, mas não conseguiu ocupar Londres, e, posteriormente, retirou-se para o norte. Apesar dos reveses, a pretensão dos York não morreu com Ricardo em Wakefield, o seu filho mais velho, Eduardo, conde de March, com 18 anos, foi proclamado rei Eduardo IV por suas tropas nas Marcas de Gales – zona fronteiriça entre a Inglaterra e o País de Gales. Ele obteve uma vitória esmagadora e decisiva na Batalha de Towton – a maior e mais sangrenta batalha da história inglesa – em março de 1461 e foi oficialmente coroado rei na Abadia de Westminster em junho do mesmo ano sob aclamações e os festejos da população.

Após revoltas Lancastrians serem suprimidas em 1464 e Henrique ter sido capturado mais uma vez, Eduardo se desentendeu com seu principal aliado e conselheiro, Warwick, o Fazedor de Reis, e também alienou muitos amigos e mesmo membros da família por favorecer desmedidamente a família de sua rainha consorte, a plebéia e ex-Lancastrian Elizabeth Woodville, com quem tinha se casado em segredo em detrimento de um matrimônio estratégico com uma princesa francesa num acordo planejado por Warwick.

Warwick primeiro tentou suplantar Eduardo com o seu irmão mais novo, George, duque de Clarence – que secretamente casou-se com sua filha mais velha, Isabel Neville – e, em seguida, mudou de lado na guerra ao se aliar a Margarida de Anjou – que estava refugiada na França -, casando sua filha mais nova Anne Neville com Edward de Westminster, visando restaurar Henrique VI ao trono.

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Isso resultou em dois anos de rápidas mudanças no conflito, em que o Fazedor de Reis recolou o Lancaster no trono, mas por pouco tempo, Eduardo IV obteve vitórias completas em Barnet (abril de 1471), onde Richard Neville foi morto, e Tewkesbury (maio de 1471), onde o herdeiro da Casa de Lancaster, Edward de Westminster, foi executado após a batalha. Henrique VI foi assassinado na Torre de Londres dias depois, terminando com a linha direta de sucessão Lancastrian.

Um período de relativa paz se seguiu, mas o rei Eduardo morreu inesperadamente em 1483, porém antes nomeou em seu testamento seu irmão sobrevivente, Ricardo, Duque de Gloucester, regente como Protetor do Reino durante a menoridade de seu filho, Eduardo V. Após a sua morte, Ricardo, para impedir que os Woodville,  a impopular e ambiciosa família da viúva de Eduardo, tomassem o controle do governo, conquistou o trono para si e foi coroado como Ricardo III através do Titulus Regius aprovado pelo Parlamento, usando a suspeita legitimidade do casamento de Eduardo IV como justificativa – tornando seus sobrinhos filhos bastardos – e aprisionou Eduardo V e seu irmão, Ricardo de Shrewsbury, na Torre de Londres, que a partir de então nunca mais seriam vistos e ficariam conhecidos como os Príncipes da Torre.

Henrique Tudor, com uma pretensão ao trono muito fraca, já que era um parente distante dos Lancastrian por parte materna – sua mãe, Margaret Beaufort, era bisneta de John de Gant e trineta de Eduardo III -, porém tinha herdado a sua alegação. Contando com o apoio externo do País de Gales em revolta – ligado a Henrique pela linha paterna, a Casa Tudor – e tanto do Ducado da Bretanha de Francisco II quanto da França de Luís XI, Henrique derrotou Ricardo III, morto em batalha, e seu exército numericamente superior na Batalha de Bosworth Field, em 22 de agosto de 1485, por meio de uma traição nas linhas inimigas habilmente orquestrada pelo conde Thomas Stanley, seu padrasto, traição, derrota e morte que marcaram o fim do conflito dinástico.

Ele foi coroado Henrique VII e em janeiro de 1486 se casou com Elizabeth de York, sua prima em terceiro grau – foi necessário uma dispensa papal para o matrimônio ser realizado – e a filha mais velha e sobrevivente de Eduardo IV, unindo e reconciliando as  Casas de York e Lancaster após três décadas de conflito civil. Henrique VII combinou os estandartes das duas Casas para formar um novo, o da Dinastia Tudor, com uma rosa vermelha e uma rosa branca. 

Henry VII and Elizabeth of York

A Dinastia Tudor trouxe paz ao reino e reinou durante 120 anos. A transição para a dinastia Tudor também coincide com o fim da Idade Média e o início do Renascimento Inglês, onde se moldou a Inglaterra moderna.

Árvore genealógica da Dinastia Plantageneta, de Eduardo III e Filipa de Hainault à Elizabeth de York e Henrique VII, fundador da Dinastia Tudor.

  • Paralelos, referências e as irônicas inversões nas ”Crônicas”                                                    
 Além de haver claras referências e analogias possíveis, aparentemente, George R.R. Martin inverte o que realmente aconteceu na história real – incluindo a Guerra da Rosas – de forma irônica, ou seja, muito do que acontece nas ”Crônicas” cria um ”Espelho Invertido” do que de fato ocorreu.
  • As Dinastias Plantageneta e Targaryen e a Casa Tyrell                                                                                                          

Os Plantagenetas eram a dinastia reinante por mais de trezentos anos antes da eclosão da guerra civil, as reivindicações ao trono das Casas de York, de Lancaster, e por extensão, dos Tudor, eram derivadas dela. Haviam lendas  que diziam que os Plantagenetas tinham origens demoníacas, de que um Conde de Anjou havia se casado com Melusine após ter sido enfeitiçado por ela, um paralelo com a ligação Targaryen com os dragões, e eles também chegaram a Inglaterra vindos do outro lado do mar, atravessando o Canal Inglês no século XII.

Embora a maioria dos leitores e fãs acreditam que o protagonismo das guerras civis em ASOIAF é das Casas Stark e Lannister, a meu ver, o destaque real é a luta entre os Baratheon e os Targaryen, que retrocede no tempo não a Rebelião de Robert, mas a Guerra da Conquista, onde os Targaryen se confrontaram com o ancestral Baratheon pela linha feminina, Argilac, o Arrogante, o último Durrandon. Assim como os Lancaster e os York tinham a ancestralidade em comum, que remontava a Eduardo III,  Targaryens e Baratheons também compartilham da ancestralidade em comum, advinda de Aegon V, o Improvável, que em seu reinado agiu inversamente à Eduardo III, pois este arranjou casamentos estratégicos para seus muitos filhos, e Aegon V,  incentivado pela experiencia própria, deixou que seus filhos casassem-se por amor, como confirma Barristan Selmy.
”Todos os três filhos do quinto Aegon se casaram por amor, em desafio aos desejos do pai. E porque aquele monarca fora do comum tinha, ele mesmo, seguido seu coração quando escolheu sua rainha, permitiu que os filhos trilhassem seu caminho, fazendo amargos inimigos onde poderia ter tido bons amigos…” – A Dança dos Dragões, Barristan  III, Capítulo 67. 
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A Casa Tyrell ter a rosa dourada por símbolo alude não apenas as rosas Lancaster e York, mas também a dinastia Plantagenta em geral, cujo nome advém da flor Cytisus scoparius, conhecida como ”planta genista” em latim, que era usada como emblema heráldico pelo seu fundador,  Geoffrey de Anjou. O fato dos Tyrell usarem a rosa como símbolo e serem um das duas únicas grandes casas nobres de Westeros – ao lado dos Tully – que nunca teve reis entre seus membros, seja por linha masculina ou feminina, ao contrário dos Plantageneta, a dinastia real inglesa mais longeva da história, é uma outra inversão.
  • Aerys II e Henrique VI: os Reis Loucos      

Aerys, the Mad King                                                                          

Aerys II é o oposto cruel de Henrique VI. Henrique VI era louco, mas principalmente pelo fato de se sentir desconfortável com o exercício do poder, ele foi muitas vezes criticado por ter uma natureza delicada demais para ser um rei, ao passo que em Aerys vemos uma loucura inversa, de sede de sangue e de obsessão pela violência. A sua obsessão pelo fogo pode ser uma referência a Henrique V, o pai mais marcial de Henrique VI, com quem este foi muitas vezes desfavoravelmente comparado, que tem uma frase famosa: “a guerra sem fogo é como salsichas sem mostarda”.
  • Entre Reis e Kingmakers: de Robert Baratheon e Eduardo IV à Tywin Lannister e Richard Neville

Eduardo IV, Robert Baratheon e Robb Stark lideraram revoltas ainda muito jovens, eram populares e carismáticos e tinham relações complicadas com seus principais aliados, bem como foram comandantes que nunca foram derrotados em batalha – desconsiderem a inconclusiva Batalha de Vaufreixo por parte de Robert.

Robert Baratheon

Robert Baratheon, the Dragonslayer.

As semelhanças entre Eduardo IV e Robert são claras:  homens grandes, fortes, que lideraram exércitos para tomarem seus tronos e eram conhecidos por serem devassos e mulherengos durante seus reinados, adoravam participar de caças e beber com seus amigos e aliados, tinham dois irmãos mais novos  – na verdade três no caso de Eduardo, mas um morreu no início da guerra, e talvez possamos pensar em Eddard como um terceiro irmão de Robert-, e se tornaram gordos e inaptos em seus últimos anos, morrendo prematuramente e deixando seus reinos em crise. Mesmo a preferência pelo martelo de guerra é compartilhada por ambos.

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Eduardo IV e Robb tiveram avós, homônimos, executados por conspirarem para depor seus reis – vide a teoria das Ambições Sulistas -, viram seus pais morrerem e serem humilhados post mortem e por isso assumiram a liderança de suas Casas ainda jovens, incentivados e aconselhados por suas mães, Cecily Neville e Catelyn Stark, quebraram acordos matrimoniais estratégicos em favor de casamentos por amor, perdendo seus principais e mais fortes aliados no processo – Richard Neville no caso de Eduardo e a Casa Frey no de Robb.

Novamente, no entanto, existem inversões irônicas, principalmente em relação a seus aliados. Como Tywin Lannister, Richard Neville, o Fazedor de Reis, era o senhor mais poderoso do reino e foi crucial para garantir a subida de Eduardo IV ao trono. Tywin é famoso pelo Saque de Porto Real e sua crueldade absoluta, Warwick, em contrapartida, ganhou o apoio popular por suas exortações para “poupar o povo comum” nas batalhas, incluindo em uma quebra crucial de um cerco – que foi garantida por uma traição dentro das fileiras Lancastrian -.

Tywin trai Aerys II, em parte, por causa da recusa de um acordo matrimonial entre Cersei e Rhaegar em favor de uma aliança com Dorne – ao contrário do que ocorreu com Eduardo em relação ao acordo com a França – , e Robert assegura sua aliança com os Lannisters e a estabilidade do reino por meio de seu casamento com Cersei, no qual os dois compartilham um ódio mútuo. Por outro lado, Warwick havia apoiado os York e Eduardo desde o início da guera, mas posteriormente os traí, em parte porque Eduardo se casa com um plebeia por amor contra os interesses políticos expressos de Warwick.

Robb, como Eduardo, rompe um contrato de casamento que lhe garantiria uma vantajosa aliança e se casa por amor, porém, Eduardo não perdeu seu reino nem sua vida por causa disso, ele é destronado provisoriamente por Warwick – que como os Frey, troca de lado e traí em meio a guerra – mas depois recupera o poder. Robb pagou o preço por seus erros, Eduardo não, pelo menos não em vida, o que constitui em outra inversão.

Richard Neville

Richard Neville, o Fazedor de Reis.

Tanto Tywin, nos Sete Reinos do terceiro século após a Conquista, quanto Richard Neville, na Inglaterra da segunda metade do século XV, são os verdadeiros poderes por trás dos tronos, os Kingmakers, uma posição também compartilhada por Mace Tyrell. Warwick, como o lorde com o maior potencial militar, o nobre mais rico e poderoso de sua época, tem suas características preenchidas pelos dois, Tywin e Mace. O primeiro foi Mão do Rei de três monarcas, pôs no Trono de Ferro quatro, participou decisivamente de três guerras – da Rebelião Reyne-Tarbeck à Guerra dos Cinco Reis – e era o lorde do território mais rico de Westeros. Mace foi Mão de dois reis – Renly e Tommen, no caso deste ainda é -, e o senhor da região mais populosa, produtiva e com maior potencial militar dos Sete Reinos.

É digno de nota dizer que os três seguiram a mesma forte política de arranjo de casamentos estratégicos para seus filhos. Warwick tinha duas filhas, Isabel e Anne Neville, e desde a ascensão de Eduardo IV ao trono planejava casa-las com os irmãos do rei: George, duque de Clarence, e Ricardo, duque de Gloucester.

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O primeiro casamento, entre George e Isabel, acabou ocorrendo secretamente em Calais, pouco antes do início da revolta de Warwick e George contra Eduardo em 1469. No ano seguinte, após o fracasso dessa primeira revolta, Anne se casou com Edward de Westminster como parte de uma aliança entre seu pai e Margarida de Anjou. No ano seguinte às derrotas e mortes de Warwick em Barnet e de Edward de Westminster em Tewkesbury, Anne finalmente casou-se com Ricardo de Gloucester, o futuro Ricardo III.

Richard III and Anne Neville

Essa política de matrimônios estratégicos também é seguida à risca por Tywin e Mace, o primeiro planejava casar  seu filho Jaime Lannister, antes deste entrar para a Guarda Real, com a segunda filha de Hoster Tully, Lysa, e tentou casar Cersei com o herdeiro de Aerys II, Rhaegar, e depois da Rebelião de Robert obteve o casamento real entre este e sua filha, e para o seu filho mais novo, Tyrion, arranjou um casamento com a herdeira de Winterfell, Sansa Stark. Mace Tyrell é muito lembrado por ter arranjado três casamentos estratégicos para sua única filha, Margaery, primeiro com Renly, logo após com Joffrey e por fim com Tommen.

  • As ”Rainhas Más”: Cersei Lannister, Margarida de Anjou e Elizabeth Woodville 

Elizabeth Woodville era a Rainha consorte – a primeira a ter tido um cerimônia de coroação – de Eduardo e usou de sua posição para ganhar e acumular um poder excessivo para si e sua família, assim como Cersei faz. No entanto, Eduardo IV se casa com Elizabeth por amor, desperdiçando oportunidades de estabelecer alianças; Robert casa-se com Cersei por uma aliança, sabendo que ali nunca haveria amor. Elizabeth era de uma família de plebeus, enquanto Cersei é da mais poderosa Casa não monarca dos Sete Reinos. Tanto Elizabeth quanto Cersei tem seus filhos – herdeiros do trono – acusados de serem ilegítimos, no caso de Elizabeth provavelmente não era verdade, mas a mentira prevaleceu, no caso de Cersei certamente era verdade, mas a mentira mais uma vez prevaleceu.

Como Cersei, Elizabeth era extremamente sedutora, com gelados olhos azuis e longos cabelos dourados. Cersei é retratada nos livros como uma das mais lindas mulheres de todos os Sete Reinos, Elizabeth Woodville era descrita por contemporâneos como “a mais bela mulher na ilha da Grã-Bretanha”.

Elizabeth Woodville, Queen Consort of Edward IV of England.

Cersei vai a extremos para proteger a ascensão de seus filhos, em paralelo a Margarida de Anjou, cujo filho, Edward de Westminster, foi também acusado de ser ilegítimo, mas enquanto a última foi a esposa do rei Lancastrian Henrique VI e liderou seus exércitos na guerra; Cersei é a esposa de Robert – Baratheon em paralelo aos York – e prefere usar a manipulação e as promessas de favores sexuais para conseguir o que quer.

O filho de Margarida, também chamado de Edward de Lancaster, se assemelha claramente ao primogênito de Cersei, Joffrey Baratheon. Edward de Westminster era um jovem sádico e obcecado por decapitações e que, como Joffrey, rejeitou os pedidos de misericórdia de prisioneiros que foram executados. Edward também enfrentou boatos questionando sua legitimidade. Mais uma vez, no entanto, a ironia: Joffrey era o herdeiro Baratheon – York -, enquanto Eduardo era o herdeiro Lancaster.

  • Protetores do Reino: Eddard Stark e Ricardo, duque de Gloucester
Ricardo tornou-se o mais importante aliado de Eduardo após a traição de Warwick e foi nomeado Protetor do Reino em seu leito de morte. Depois, porém, em meio a intrigas e conspirações por toda a parte, para impedir que a impopular e sedenta família da rainha viúva, os Woodville, tomasse o poder, ele ocupou o trono dos herdeiros de Eduardo e justificou o seu reinado com base em declarações sobre a ilegitimidade do casamento de Eduardo e Elizabeth e consequentemente de seus sobrinhos. Ricardo é  apontado pela historiografia tradicional como tendo sido o assassino indireto dos Príncipes da Torre, ato que supostamente cometeu para consolidar o seu reinado. Ned Stark, ao contrário, encontrou evidências claras e convincentes da ilegitimidade dos herdeiros de Robert, mas as suas tentativas de negociar com Cersei antes de torná-las públicas garantiram a segurança das crianças ”Baratheon” e Eddard, ao ser nomeado Protetor do Reino por Robert em seu leito de morte, não age para tomar o controle delas, e paga o preço por isso, inversamente ao que se passou com Ricardo III, a curto prazo.
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Pintura do séc. XVI retratando o último Plantageneta.

  • Entre Dragões, Bastardos, Beauforts e Blackfyres:  A Ascensão de Jovem Griff

Apesar de Henrique VII ser conhecido por ter criado um novo estandarte para sua Casa unindo as rosas de Lancaster e de York, seu brasão de armas pessoal – que, inclusive, ele usou na Batalha de Bosworth Field – ostentava o Welsh Dragon devido as suas ligações com o País de Gales pela linha paterna, a família Tudor de Penmynydd. Além disso, por motivos políticos, ele se apresentava aos galeses como o cumprimento da profecia do Mab Darogan – o Filho Destinado ou Profetizado, o Filho do Destino -, uma figura messiânica da mitologia galesa que expulsaria os ingleses para fora da Grã-Bretanha e a recuperaria para os seus habitantes originais, os celtas. 

The Welsh Dragon

Henrique Tudor, como já dito anteriormente, tinha uma pretensão ao trono muito fraca, e além disso, descendia de bastardos pela linha materna. Muitos fãs e leitores de ASOIAF e de GOT teorizam sobre quem irá ficar no Trono de Ferro no fim da história, e há um grupo entre estes especuladores que baseando-se em referências, analogias e paralelos com a história real afirmam que será Daenerys, ou mesmo Jon Snow.

Brasão de Armas de Henrique VII.

Brasão de Armas de Henrique VII.

Martin já negou veementemente inúmeras vezes que seguirá um roteiro igual ou similar ao da Guerra das Rosas ou de qualquer outro período ou acontecimento histórico real, ele diz que usa a história de modo vago, que mistura e combina aspectos e elementos díspares, de vários eventos, personagens e fatos históricos, que não existe uma correspondência exata entre fatos, acontecimentos e personagens históricos reais e de seu universo fantástico.

Não obstante, o que há na história de seu mundo são inúmeras referências, inversões – como provei ou tentei provar, ao menos – e analogias possíveis. Hipoteticamente, como forma de continuar especulando, usando o caso da fraca porém bem sucedida pretensão de Henrique VII como destaque e exemplo, podemos constatar que nem Daenerys tampouco Jon Snow – que nunca se importou ou teve interesse pela guerra pelo trono, pretensões e etc – mas o recém-revelado Jovem Griff, como um Blackfyre – apoio essa teoria -, é um candidato provável a ocupar o Trono de Ferro no fim.

Vamos supor que o Jovem Griff é realmente um Blackfyre por descendência feminina. Ele é o filho de Illyrio Mopatis, Magíster de Pentos, e sua segunda e falecida esposa, a lisena Serra, que tinha fama de ter características Targaryen, incluindo cabelos dourados  com listras de prata. Assim, quando a linha masculina Blackfyre morreu com Maelys, o Monstruoso na Guerra dos Reis de Nove Moedas, somente a linha feminina permaneceu. Destarte, a ascendência de Jovem Griff  partilha traços semelhantes a de Henrique Tudor.

O Jovem Henrique VII, por um artista francês anônimo (Musée Calvet , Avignon).

O Jovem Henrique VII, por um artista francês anônimo (Musée Calvet , Avignon).

A pretensão deste ao trono não apenas era derivada de sua mãe, mas também através de nascimentos ilegítimos posteriormente legitimados. Seu antepassado era John de Gant, o terceiro filho de Eduardo III. John de Gant teve quatro filhos com sua amante Katherine Swynford antes de se casarem, tornando-os tecnicamente ilegítimos. Ricardo II, sobrinho de  John de Gant, os legitimou. No entanto, quando o filho de John de Gant com sua primeira esposa, Henrique IV, subiu ao trono, ele defendeu a legitimidade de seus meio-irmãos, mas os excluiu da linha de sucessão por decreto.

A pretensão de Henrique Tudor vinha de sua mãe, Margaret Beaufort, que era neta de John Beaufort, um dos filhos de John de Gant e Katherine Swynford. Portanto, em termos de reivindicações, vemos circunstâncias semelhantes entre Henrique Tudor e  Jovem Griff. Ambas advém de bastardos legitimados, que foram excluídos da sucessão – pelo fracasso da Primeira Rebelião Blackfyre no caso do segundo, e por decreto real no caso do primeiro – e ambos derivam sua reivindicação de suas mães.

Mais antigo retrato de Margaret Beaufort, mãe de Henrique Tudor.

No entanto, há mais semelhanças, e elas também chegam aos seus oponentes – ou prováveis oponentes, no caso do Jovem Griff. Muitos apontam as similaridades entre Ricardo III e Stannis Baratheon – um tema deveras interessante que irei tratar com mais profundidade no futuro. Ambos são extremamente fiéis e leais às suas famílias e à seus irmãos mais velhos, ambos matam seus outros irmãos que os traíram – George, duque de Clarence e Renly, de acordo com a historiografia tradicional, no caso de Ricardo – e após a morte de seus reis, eles alegam publicamente a ilegitimidade de seus sobrinhos. Ambos são sábios legisladores, governantes justos e cumpridores de seus deveres – o lema pessoal de Ricardo era ”Loyaulté me lie, Loyalty binds me.”

Quando Henrique Tudor passou a reivindicar o trono da Inglaterra, muito de seu sucesso devia-se ao fato de não haver mais candidatos Lancastrian masculinos. Em cima disso, a  família de sua mãe, a Casa de Beaufort, tinha recentemente sido extinta na linha masculina no campo de batalha, deixando assim nenhum outro Beaufort masculino descendente de John de Gant e Eduardo III além de Henrique.

Moeda do reinado de Henrique VII.

Mas enquanto Henrique VII não foi moldado para governar, sua vida antes de reinar foi a de um refugiado e fugitivo, e foi auxiliado em seu governo por sua mãe, sua esposa e conselheiros, Jovem Griff teve a educação de um príncipe, foi moldado para reinar, como Varys descreve a Kevan:

”Aegon tem sido moldado para governar desde antes que pudesse andar. Foi treinado em armas, como convém a um cavaleiro, Mas esse não foi o fim de sua educação. Ele lê e escreve, fala diversas línguas, estudou história, leis e poesia. Uma septã o instruiu nos mistérios da Fé desde que teve idade suficiente para entendê-los. Viveu com pescadores, trabalhou com as próprias mãos, nadou em rios, remendou redes e aprendeu a lavar as próprias roupas na necessidade. Ele consegue pescar, cozinhar e curar uma ferida, sabe como é sentir fome, ser caçado, sentir medo. Tommen tem sido ensinado que a realeza é o direito dele. Aegon sabe que a realeza é seu dever, que um rei deve colocar seu povo em primeiro lugar, e viver e governar para eles. ” – A Dança dos Dragões, Epílogo.

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Martin afirmou que vários pretendentes ocuparão o trono antes do fim, certamente Jovem Griff será um deles, como um Blackfyre sem ter consciência da verdadeira identidade e sendo apresentado a todos os Sete Reinos como o filho herdeiro de Rhaegar, provavelmente ele conquistará as graças do povo e ganhará apoio da maior parte dos lordes de Westeros, tanto de Dorne dos Martell, ligada ao pretendente pela crença dele ser o filho de Elia, quanto da Campina dos Tyrell, que com a morte de Kevan e a possibilidade de Cersei vencer seu julgamento terão que se virar para ele em sua busca por poder. E é daí que surgem Arianne e Margaery como opções de um casamento político, exercendo o mesmo papel que Elizabeth de York na história britânica.

Elizabeth of York

Porém, há mais um fator decisivo nesse enredo, que pode definir os rumos da luta pelo trono: a Fé dos Sete reerguida ao poder pelo popular novo Alto Septão, que conseguiu restabelecer as famosas ordens da estrela e da espada antes extintas por Maegor. No quarto livro, em um diálogo com Cersei, ele mostra que a Fé terá um papel extremamente importante no futuro, citando a Guerra da Conquista e a coroação de Aegon I:

”Há trezentos anos, quando Aegon, o Dragão, desembarcou no sopé desta mesma colina, o Alto Septão trancou-se no interior do Septo Estrelado de Vilavelha e rezou durante sete dias e sete noites, sem ingerir nada além de pão e água. Quando saiu, anunciou que a Fé não se oporia a Aegon e às irmãs, pois a Velha erguera a sua lanterna e lhe mostrara o caminho adiante. Se Vilavelha pegasse em armas contra o Dragão, Vilavelha arderia, e Torralta, Cidadela e o Septo Estrelado seriam derrubados e destruídos. Lorde Hightower era um homem devoto. Quando ouviu a profecia, manteve as suas forças em casa e abriu os portões da cidade a Aegon quando ele chegou. E Sua Alta Santidade ungiu o Conquistador com os sete óleos. ” – O Festim dos Corvos, Cersei VI.

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Henrique VII sendo coroado por Lorde Thomas Stanley após a Batalha de Bosworth Field.

Devido a tendência da saga em seguir um padrão cíclico da história – ”a história é uma roda, pois a natureza do homem é fundamentalmente imutável. O que aconteceu antes irá forçosamente voltar a acontecer” – é provável que o Alto Pardal se decida por coroar Jovem Griff em pleno Septo de Baelor, ele é novo Aegon, Aegon VI, e a Fé exercendo um papel importante na trama era algo que devíamos esperar, sendo análoga a Igreja Católica, que sempre coroava e destronava reis no período medieval, mas não atuando decisivamente desde o fim da Revolta da Fé Militante, ela finalmente ressurge ao palco do jogo sob uma liderança forte, enérgica e reformista, se colocando acima da autoridade do Trono de Ferro – que parou de cumprir a promessa de Jaehaerys I de a defender -, e não como subordinada. Também creio ser possível que o Alto Pardal convoque uma ”Cruzada” contra o Norte se Stannis vier a vencer a batalha contra os Boltons, o que seria bem interessante.

Assim como o Jovem Griff, Henrique Tudor viveu grande parte de sua vida do outro lado do Mar Estreito… ou melhor, no caso deste, do Canal Inglês, em exílio, no caso do Jovem Griff em Essos, nas Cidades Livres, entre exilados e descendente de exilados westerosi e líderes e soldados de companhias mercenárias, no de Henrique na Bretanha e na França, onde ele conseguiu suprimentos, mercenários franceses e soldados Lancastrian leais e atravessou o canal para tentar uma invasão rápida, como recentemente o Jovem Griff fez com o apoio da célebre Companhia Dourada, desembarcando no Sul de Westeros. E ambos contam com aliados  e conselheiros proeminentes, ambos refugiados, que os criaram como filhos no exílio: o ex-Mão do Rei  Jon Connington no caso do Blackfyre, e Jasper Tudor, duque de Bedford, no caso de Henrique.

Richard III vs. Henry Tudor at Bosworth Field

Vitral retratando os líderes da Batalha de Bosworth Field, Ricardo III  à esquerda e Henrique VII à direita.

Alguns dos detalhes mais importantes:

  • Ambos, Jovem Griff e Henrique Tudor, têm pretensões ao trono derivadas de sua mães e de bastardos legitimados.
  • Ambos viveram no exílio do outro lado de mares estreitos e reuniram suprimentos e tropas de legalistas necessários para uma invasão.
  • Tem por principais aliados e conselheiros refugiados e exilados que os criaram como filhos, Jon Connington do lado do Jovem Griff, e Jasper Tudor do lado do futuro Henrique VII.
  • Casa de Beaufort = Casa Blackfyre, ambos os nomes soam foneticamente semelhantes e ambas as Casas são historicamente similares.
  • Entre seus opositores se incluem Stannis Barathon/Ricardo III.      

Diante de tudo isso, é bastante provável que nas páginas do sexto livro veremos a causa do protegido de Varys e Illyrio – a semelhança de Henrique VII, protegido de Margaret Beaufort e Thomas Stanley – triunfar, a pergunta a ser feita é se esse triunfo, com de Dorne, da Campina e principalmente da Fé, será duradouro, como o do primeiro rei Tudor, ou apenas temporário.                                                                                        

  • Muito Além da Guerra das Rosas e da História Medieval Inglesa
Assim como em ”As Crônicas” há vida Para lá do Mar Estreito ou Para Lá da Muralha, em relação a referências e analogias históricas em ASOIAF, há vida para além da Guerra das Rosas e da história medieval inglesa, e britânica, por extensão, e vida com abundância nos três casos. Este blog procurará estabelecer paralelos, analogias e buscar as possíveis inspirações históricas de George R.R. Martin para a criação da história de seu universo fantástico.
Veremos e analisaremos aspectos e elementos de civilizações e personagens da Antiguidade, talassocracias e cidades-estados da Baixa Idade Média e do Renascimento, companhias mercenárias da Itália medieval, religiões predominantes ou ascendentes na antiga Pérsia, no Império Romano e na Europa Medieval, as interações e contatos entre a Ásia e a Europa desde a Antiguidade até o início da Era Moderna, entre outras coisas.

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